O espectro CD e ORD de enantiômeros formam uma imagem completamente espelhada. Permitindo a identificação da configuração de tais estruturas. A figura 8 apresenta o espectro de CD de enantiômeros do α-pineno na forma gasosa.
Nota-se que os dois espectros são verticalmente simétricos. Baseando-se em espectros de ORD e CD de compostos cuja orientação já é conhecida, é possível estimar configurações de outras estruturas oticamente ativas similares.
O efeito Cotton produzido pelo ambiente tridimensional ao redor do cromóforo é extensamente investigado. Um conjunto de regras referentes a este tema pode ser encontrado na tabela 2.
Tabela 2: regras sobre o efeito Cotton
cromóforo | transição | λ ext [nm], Δε | regra |
Cetona saturada | n → Π* | 290 to 305, 0 to 4 | Regra do octante (cetonas) |
α, β-epóxicetonas α, β-ciclopropilcetonas | n → Π* | 280 to 307, 0 to 5 | Regra do octante reversa |
β, γ-cetona insaturada | n → Π* | 295 to 305, 0 to 10 | Regra do octante |
α, β-cetona insaturada | n → Π* Π → Π* – | 320 to 350, 0 to 3 230 to 250, 0 to 15 210 to 215, 0 to 15 | Regra do octante reversa, regra da hélice, regra da substituição alílica axial |
Licações duplas C = C | – | 180 to 220, 0 to 10 | regra do octante (olefinas), efeito de torção, regra da substituição alílica axial |
Dieno conjugado | Π → Π* | 230 to 250, 0 to 10 | Regra da helicidade, regra da substituição alílica axial |
Anel de benzeno | Π → Π*, l L b Π → Π*, l L a | 260 to 280, 0 to 2 200 to 220, 0 to 5 | Regra do setor de benzeno |
Se dois ou mais cromóforos equivalentes com bandas Π-Π* intensas estão presentes em posições assimétricas em relação ao outro, a direção da torção é o que determina o sinal do efeito Cotton. Trata-se de um método estabelecido teoricamente e versátil, onde grupos funcionais que não apresentam absorção, como dióis, são derivatizados de maneira a se obter grupos “dibenzoato”, como é apresentado na figura 9, para que haja determinação de configurações.
Muitos estudos sobre compostos octaédricos hexacoordenados oticamente ativos são realizados baseados na comparação com a configuração absoluta, que é determinada pela análise estrutural de raio-X. A figura 10 apresenta o espectro CD/ORD de um complexo oticamente ativo onde a etilenodiamina é coordenada com íons trivalentes de cobalto. Alguns dos ligantes investigados foram complexos de diamina, aminoácidos (bidentado), triamina (tridentado) e EDTA (hexadentado). Complexos octaédricos hexacoordenados envolvendo Co (III), Co (II) Cr (III), Ru (III), Rh (III), Pt (II), Ir (III) e Ni (II) foram investigados.
Pelo espectro de CD, é possível estimar estruturas básicas de uma proteína e a composição de α-hélices, papel β-pregueado e espiral aleatória. A figura 11 apresenta o espectro de concanavalina A em seu estado natural, uma estrutura rica em papel β-pregueado, mas é convertida em estrutura rica em α-hélices por fluoroetanol (TFE). O espectro apresenta a proteína após a exposição à ácido clorídrico (pH 2) e após uma solução 50% TFE.
Os ácidos nucleicos como o DNA são conhecidos pela sua estrutura de dupla hélice e o RNA, pelo seu papel na síntese de proteínas. Um dos exemplos que podem ser discutidos é a descoberta de estruturas de DNA em forma de Z orientados para a esquerda através do uso de espectrofotômetros de dicroísmo circular. O sinal do espectro de CD foi crucial para a determinação de estruturas levogiras e dextrogiras.
O tipo de análise mais comum envolvendo ácidos nucleicos é referente a dependência de temperatura. É possível rastrear o processo de desnaturação onde observa-se as duas espirais desenroladas, e observar a sua estabilidade térmica de acordo com mudanças estruturais.
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